O ambiente de trabalho tem mudado significativamente com o avanço tecnológico, a intensificação do uso de inteligência artificial (IA), a chegada de novas gerações e a implementação de novos formatos de trabalho. Além desses desafios, enfrentamos crises climáticas e econômicas, que acrescentam uma camada adicional de complexidade para as organizações ao tentar preencher vagas com as competências e qualificações necessárias neste mundo em rápida transformação.

Essas crises externas exigem que as empresas se adaptem rapidamente, incorporando práticas sustentáveis, lidando com restrições orçamentárias e incertezas econômicas e navegando por instabilidades regulatórias. Tudo isso torna ainda mais difícil encontrar profissionais preparados para preencher as vagas disponíveis.

Desafios e adaptações para as empresas

Muitas organizações precisam ainda evoluir e ajustar seus processos internos para responder a essas mudanças. Os cargos precisam ser mais dinâmicos para atender a demandas personalizadas, resultando em carreiras mais fluidas. Isso impõe o desafio de substituir algumas políticas e normas e criar novas práticas adaptáveis, comunicando ao profissional o que ele precisa ajustar no seu papel.

É fundamental também que as empresas invistam em requalificação e educação continuada para manter a empregabilidade de seus colaboradores. Desenvolver planos de desenvolvimento dinâmicos e ágeis, focados no curto prazo e na aquisição de novas habilidades, é essencial. Programas de mentoria podem ser estratégicos nesse contexto, ajudando profissionais a se adaptarem às novas exigências do mercado com o apoio de pessoas mais experientes e resilientes.

Um relatório do World Economic Forum destacou que 94% dos empregadores esperam que seus funcionários desenvolvam novas habilidades relacionadas ao futuro do trabalho até 2025. A requalificação se tornou uma prioridade estratégica, com investimentos crescentes em programas de treinamento e desenvolvimento.

Além dos processos internos, é importante acompanhar novas tendências de contratação. Uma tendência em crescimento é a gig economy, onde trabalhadores realizam trabalhos temporários ou de curto prazo para diversas empresas. Em 2023, aproximadamente 36% da força de trabalho global estava engajada em algum tipo de trabalho freelance ou temporário. Plataformas como Airbnb e Uber exemplificam essa tendência, contratando profissionais sob demanda para atividades específicas e de curta duração. A gig economy oferece a liberdade de atuar em várias áreas, promovendo uma carreira mais diversificada e autônoma.

Também considero como estratégico o papel da sustentabilidade nas práticas de contratação e no desenvolvimento de carreiras. Empresas que adotam iniciativas sustentáveis tendem a atrair profissionais que desejam se orgulhar de seu ambiente de trabalho e entregar seu potencial máximo. Esses profissionais buscam ambientes onde todos saem ganhando: empresa, clientes, colaboradores, sociedade e meio ambiente. A busca por crescimento sustentável deve ser uma prioridade para qualquer organização que deseja se destacar e prosperar no futuro.

Oportunidades e ajustes para os profissionais

Para os profissionais, essa transformação do contexto de empregabilidade exige principalmente uma mentalidade flexível e aberta a assumir novas responsabilidades. A previsibilidade dos próximos passos de carreira é menor, exigindo adaptação a um modelo de atuação mais dinâmico. Investir em educação continuada e requalificação é fundamental para manter-se relevante no mercado.

Dicas práticas de adaptação de mentalidade para os profissionais

Abraçar a aprendizagem contínua: Inscreva-se em cursos online e coloque foco em habilidades emergentes, como análise de dados, inteligência artificial e habilidades de programação. Reserve um tempo semanal dedicado ao aprendizado. Mesmo 30 minutos por dia podem fazer uma grande diferença ao longo do tempo.

Desenvolver habilidades de adaptabilidade: Participe de projetos variados dentro de sua empresa ou em iniciativas voluntárias. Isso aumenta a exposição a diferentes áreas e responsabilidades. Pratique a flexibilidade em sua rotina diária. Esteja disposto a assumir tarefas fora de sua zona de conforto.

Cultivar uma mentalidade de crescimento: Leia livros e artigos sobre mentalidade de crescimento, como “Mindset” de Carol Dweck. Pratique a autorreflexão e identifique áreas onde você pode melhorar. Enfrente desafios como oportunidades de aprendizado, não como ameaças. Adote a perspectiva de

que falhar é parte do processo de crescimento.

Networking e comunidade: Participe de eventos, webinars e conferências online. Junte-se a grupos profissionais no LinkedIn ou outras redes sociais. Construa e mantenha relacionamentos com colegas da sua área de atuação. Networking pode abrir portas para novas oportunidades e colaborações.

Adotar tecnologias digitais: Familiarize-se com ferramentas digitais relevantes para sua área. Isso pode incluir software de gestão de projetos, plataformas de comunicação e colaboração online. Seja proativo na exploração de novas tecnologias.

Foco em responsabilidade social: Envolva-se em iniciativas sustentáveis e de responsabilidade social. Isso pode incluir projetos de voluntariado ou grupos de trabalho focados em sustentabilidade. Mostre liderança nesses projetos, mesmo em pequenas capacidades. Aumente sua visibilidade e demonstre compromisso com valores importantes.

Desenvolver habilidades de comunicação: Pratique habilidades de comunicação através de apresentações, redação de relatórios e colaboração em equipe. Busque feedback constante sobre suas habilidades de comunicação e trabalhe nas áreas de melhoria.

Futuro do trabalho como responsabilidade conjunta

A empregabilidade num contexto atual de constante transformação exige abordagens múltiplas, que incluam a adaptação às novas tecnologias, a promoção de um ambiente de trabalho flexível e dinâmico, o investimento em educação continuada e a implementação de práticas sustentáveis. Nesses mais de 15 anos de experiência em RH, como voluntária de iniciativas de empregabilidade e agora como integrante de uma startup de inclusão de talentos na TI, vejo essas mudanças não apenas como desafios, mas como oportunidades para criar um ambiente de trabalho mais resiliente e preparado para o futuro.

A responsabilidade de se ajustar a esse novo cenário é compartilhada tanto por empresas quanto por profissionais. Empresas devem investir em práticas que promovam a adaptação e o crescimento de seus colaboradores, enquanto profissionais precisam estar dispostos a desenvolver novas habilidades e se ajustar às mudanças. Quando ambos os lados trabalham juntos, todos saem ganhando e geram impactos positivos.

Somente através dessa colaboração e esforço conjunto será possível criar um futuro de trabalho que seja benéfico para todos, onde empresas prosperam e profissionais encontram realização e crescimento contínuo.